domingo, 15 de agosto de 2010

Barriga sim, e daí?

Por Martha Mendonça - Revista Época - Ed. 589 - 31/08/2009

A foto de uma modelo americana reforça um novo padrão de beleza que exibe as mulheres como elas são, e não como impõe a ditadura da moda.

Até a página 193 da edição de setembro da revista americana Glamour tudo estava normal: reportagens de beleza, moda, celebridades. Ao virar para a página 194, a leitora deu de cara com a modelo Lizzi Miller, de 20 anos, ilustrando uma matéria sobre autoimagem. Clicada de lado, ela aparece linda, loura, sorridente, seminua, os braços escondendo naturalmente os seios – mas não a barriga. E, de fato, havia uma barriga. Proeminente, mole, levemente caída. Alguma coisa estava fora da ordem. No mesmo dia, a revista recebeu dezenas de milhares de e-mails comentando o fato. As leitoras estavam surpresas. A maioria, feliz. “Estou sem fôlego de alegria… Amo a mulher na página 194!”, dizia uma das mensagens. “É essa a aparência de minha barriga após dar à luz meus dois filhos!”, escreveu outra. A fotografia virou notícia na internet, alvo de reportagens de outras revistas, como a Newsweek, e a modelo passou a ser conhecida como “a mulher da página 194”.


Editora-chefe da Glamour, Cindi Leive se surpreendeu com a repercussão. “A foto não era de uma supermodelo. Era de uma mulher sentada de lingerie com um sorriso no rosto e uma barriga que parece… espere… normal”, disse a jornalista no blog da publicação. Normal para as mulheres comuns. Mas não para as modelos de revistas, maquiadas e lapidadas pelos retoques digitais. O alvoroço em torno da barriga de Lizzi suscitou um debate: que tipo de beleza as mulheres querem ver nas revistas? Dono da agência 40 Graus, que lançou modelos como Paulo Zulu e Daniela Sarahyba, Sergio Mattos acha que uma revista feminina é lugar para mulheres de corpo perfeito. “Sou contra a magreza extrema, mas a boa forma é necessária. As leitoras estão comprando um ideal”, diz. Já para a antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro Mirian Goldenberg, autora de O corpo como capital, “ninguém aguenta mais ver só um tipo de mulher nas revistas”. Ela acredita que haja uma demanda pela diversidade. “Mais que estética, é uma demanda política pela fuga ao padrão. Por isso, não me espanta a discussão em torno dessa barriga”, afirma.


A aprovação das leitoras à foto da mulher da página 194 é mais um exemplo dos movimentos de libertação da imagem feminina. Está ligada, por exemplo, ao movimento internacional contra o abuso da maquiagem e do uso do Photoshop, liderado por um dos mais importantes profissionais do mundo da moda, o fotógrafo alemão Peter Lindbergh. Em maio, ele fez uma série de capas para a revista Elle francesa, com atrizes e modelos de cara lavada, o que fez com que outras publicações aderissem à ideia. No mês passado, ÉPOCA publicou o mesmo tipo de ensaio com modelos como Isabeli Fontana, Raica Oliveira e Raquel Zimmermann. Foi uma das mais comentadas – e elogiadas – matérias da revista neste ano. Os cabelos também estão no alvo. O livro Meus cabelos estão ficando brancos, da americana Anne Kreamer, faz sucesso entre as mulheres que não querem mais ficar prisioneiras das tinturas e, ainda assim, continuar belas e desejadas.


É muitas vezes de forma chocante que o padrão se rompe. Bem mais polêmica que a “quase-normal” Lizzi Miller, a cantora e estilista Beth Ditto virou ícone de moda e atitude nos Estados Unidos. Vocalista do grupo The Gossip, já posou nua na capa de duas revistas. Uma delas a elegeu a pessoa mais cool do planeta. Beth faz striptease em seus shows e já declarou que gosta de ser chamada de feia e gorda. Polêmica parecida aconteceu com a cantora Preta Gil, cujo primeiro CD, em 2004, trazia sua foto nua. Na época, afirmou: “Já tive um filho, quilos a mais, estrias e celulite. Fiz lipo, tomei remédio, fui parar no hospital por ficar sem comer. Hoje acho meu corpo bonito, sensual”. Para Mirian Goldenberg, esses casos mostram que o antigo slogan feminista “meu corpo me pertence” – ligado à questão da sexualidade – está ganhando uma nova conotação. “É como se a mulher dissesse: meu corpo é esse e pronto. A mulher nua passa de objeto sexual a sujeito político”, diz a antropóloga.


No centro dessas questões está a autoestima feminina, mutilada pelas exigências de medidas e regras. Mas até que ponto são as modelos das revistas que motivam a insatisfação das mulheres com seu corpo? A psicóloga Joana de Vilhena Novaes, coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-Rio, diz que o defeito apresentado pela modelo cultuada por sua beleza abre espaço para a mulher comum repensar sua própria imagem. O caso mais recente é o da atriz Juliana Paes, que apresentou celulites no bumbum e nas coxas, ao ser clicada num dia de sol na praia. A fotografia rapidamente encabeçou a lista das notícias mais lidas de sites e blogs. A audiência, dividida entre o escárnio e a defesa da beldade, pendeu bastante para o segundo time. “A hora, definitivamente, é das mulheres possíveis”, diz a psicóloga.


Prezadas e Prezados, dêem sua opinião sobre essa notícia? O que tem com o nosso potencial trabalho desenvolvido em sala?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Má postura diminui autoconfiança

Redação Época - Saúde & Bem Estar - 05/10/2009
De acordo com pesquisa, pessoas que sentam com a coluna curvada têm mais dificuldade para acreditar em si mesmas.
Se você está inseguro com relação ao seu desempenho no trabalho ou nos estudos, sentar corretamente pode ser o primeiro passo para melhorar. Um estudo divulgado nesta segunda-feira (5) pela Universidade de Ohio afirma que manter a coluna ereta pode ser bom não só para a postura, mas também para a autoconfiança.

“A maioria das pessoas aprende que sentar direito passa uma boa imagem para os outros, mas a postura também pode afetar o modo como pensamos sobre nós mesmos”, diz o psicólogo Richard Petty, coautor do estudo. Segundo ele, quem cuida bem da postura acaba se deixando “convencer” pela linguagem corporal e adotando pensamentos igualmente confiantes.
A pesquisa foi feita com base em um experimento realizado com 71 estudantes da universidade. Cada participante era instruído a sentar diante do computador com a coluna ereta ou se curvar para frente, e permanecer na posição durante todo o exercício. Em seguida, cada um deles preenchia um questionário no qual deveriam listar três qualidades ou três defeitos, além de fazer uma avaliação de seu desempenho profissional.
Entre os estudantes que mantiveram a postura adequada, foi comprovada uma relação direta entre o resultado da autoavaliação e a lista de qualidades e defeitos: aqueles que listaram características negativas atribuíram notas baixas ao seu desempenho, enquanto os que listaram características positivas se avaliaram positivamente.
Os estudantes que se curvaram para frente, por sua vez, demonstraram estar em dúvida: alguns deram notas altas para seu desempenho apesar das críticas, e outros se deram notas baixas mesmo tendo elogiado o próprio trabalho. “A postura confiante deixa as pessoas mais seguras do que pensam, não importa se o pensamento é positivo ou negativo”, diz Petty.
Segundo o pesquisador, os resultados comprovam que adotar uma postura correta pode tornar as pessoas mais assertivas no trabalho, além de aprimorar o desempenho de estudantes em provas. Alunos que se inclinam para frente costumam duvidar das próprias respostas e têm mais chances de mudá-las mesmo se estiverem corretas, além de demorar mais tempo para decidir.

Colegas, vocês comprovam essa pesquisa in loco? Vocês se sentam bem? O que pensam sobre o assunto?